Em mais uma crítica à atuação do juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (18) que "grampear o presidente", sem a autorização do STF (Supremo Tribunal Federal), é crime e dá cadeia em outros países.
Dilma se referia à interceptação e divulgação de uma conversa telefônica entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Em muitos lugares do mundo, quem grampear o presidente vai preso se não tiver autorização judicial da Suprema Corte (...) Grampeia o presidente dos Estados Unidos e vê o que acontece com quem grampear", declarou Dilma, em Feira de Santana (BA), onde participou da entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida.
Ontem, na posse de Lula, a presidente classificou o episódio como "agressão à democracia". No mesmo dia, Moro disse não ver problema na gravação da conversa entre Lula e Dilma. "Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações", escreveu em despacho para defender a legalidade da interceptação do diálogo.
Moro citou como exemplo, no mesmo documento, o ex-presidente norte-americano Richard Nixon, que renunciou na década de 70 durante um escândalo político conhecido como caso Watergate.
Sem citar o nome de Moro, Dilma afirmou hoje que Nixon foi o autor dos grampos. "Ele não podia grampear sem autorização porque deu na cabeça dele. Nem presidente da República pode grampear sem autorização. O que dizer de outras hierarquias?", questionou.
Dilma declarou ainda ser "a favor do rigoroso combate à corrupção", mas questionou métodos que, segundo ela, violam a democracia. "Eu sou a favor de que todos os corruptos que cometam crimes vão para a cadeia. A única coisa que eu não sou a favor é que alguém justifique que, para combater a corrupção, a democracia tem de ir junto", disse.Em seu discurso, a presidente criticou também o que ela chamou de "politização" das instituições. "O meu governo respeita o Ministério Público e o Judiciário, mas consideramos uma volta atrás na roda da história a politização de qualquer uma dessas instituições".
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